Faltam dois meses para acabar o ano e isso agita nossa cabeça – e nos assusta. O Natal está quase batendo à nossa porta, e nossa mente se apavora só de pensar nas inúmeras coisas a fazer. São as típicas tarefas de final de ano, como comprar presentes, finalizar relatórios, que se somam às nossas atividades diárias habituais.
Aliás, sempre temos coisas a fazer. Por isso, nesta época do ano, estamos exaustos, procurando motivação dentro de nós, em meio a bagunça interna. Ouvimos das pessoas a nossa volta: “falta pouco”. Talvez seja uma referência às férias. Mas, falta pouco para acabar? Acabar o quê? Afinal, passado o cansaço – e a euforia do final do ano- recomeçamos o mesmo corre-corre.
A verdade é que corremos saltando obstáculos para alcançar algo que....o que era mesmo? Muitas vezes, se perde no caminho. Mudamos a meta, reformulamos e continuamos a fazer tudo com urgência. Sem pausa. As demandas pessoais e profissionais parecem nunca ter fim.
No fundo, toda essa correria é um esforço – ilusório - de manter tudo sob controle que, na prática, resulta em atrasos, sobrecarga, desmotivação, ineficiência. Além disso, temos a sensação de que o que fazemos nunca é bom o suficiente e que precisamos melhorar. E é difícil nos darmos conta quando adoecemos.
Fazer pausas em meio a agenda agitada é essencial para nossa saúde mental. Mas nem sempre é tão simples. Estamos mergulhados em uma sociedade competitiva e imediatista, o que leva muitos de nós a negligenciar a necessidade de descanso, pois sentimos uma incomoda obrigação para produzir. Essa dificuldade de desconectar-se do trabalho pode levar a uma insatisfação geral com a vida, cuja origem nem sempre é fácil de reconhecer.
As pausas, além de reduzir o estresse, melhorar o humor e a concentração, nos permitem refletir sobre o valor que atribuímos às nossas ações e muitas vezes essa avaliação está equivocada. A percepção que cada um tem de si e do mundo ao seu redor, determina o que sentimos e como reagimos.
Não há nada de errado em buscar novos objetivos ou superar metas. O problema aparece quando isso passa a ser motivo de sofrimento e deixamos de reconhecer o que nos faz bem e melhor, pois se algo consome mais que o necessário, é inevitável que outras necessidades sejam negligenciadas. É difícil fazer escolhas melhores quando estamos mergulhados em metas irrealistas.
Fazer pausas é importante para nos reconectar com o que realmente importa. Quando medimos nosso valor apenas pelo que produzimos, ficamos impossibilitados de enxergar valor naquilo que temos e distanciamos dos nossos próprios desejos. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga