Fogos de artifício e animais: tutores relatam vivências traumáticas e especialistas compartilham dicas de segurança em período de festas
30/12/2024
Profissionais destacam que bichinhos podem enfrentar crises de estresse. Família celebra recuperação do cachorro Bob, em Presidente Prudente (SP)
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Uma das formas com que se comemora a chegada de um novo ano é a famosa queima de fogos e rojões. O céu, que costuma ficar colorido com os materiais, causa alegria e beleza aos olhos do público, entretanto, os explosivos podem provocar sérios danos à saúde e medo nos animais, principalmente, os de estimação.
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Primeiro susto do ano 🚨
Cachorro Bob passou por uma cirurgia de emergência, em Presidente Prudente (SP)
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A assistente social Janaina Pereira dos Santos Silva, de 45 anos, que é moradora de Presidente Prudente (SP), compartilhou ao g1 uma situação que viveu com o cachorro Bob, que vive há 13 anos com a família dela e que, por pouco, não faleceu durante uma virada de ano.
“A situação ocorreu em uma passagem de ano. Fomos comemorar em família e deixamos o Bob em casa, no quintal. Aquela noite foi marcada por muitos fogos de artifício, aparentemente lindíssimos aos nossos olhos, porém, não tínhamos dimensão do que nos esperava em casa quando fôssemos retornar”, contou.
“Ao adentrar, vimos a área de casa e o corredor cobertos de sangue, então, começamos a chamar o Bob e o encontramos aos fundos do quintal dando voltas ao redor da cauda, toda machucada. Ele estava extremamente ansioso e descontrolado, tentamos acalmá-lo, até que compreendemos que ele mesmo havia se machucado em uma crise de estresse”, detalhou ao g1.
Fogos de artifício e animais: tutores relatam vivências traumáticas
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“Foi necessário conduzi-lo ao veterinário, pois estava perdendo muito sangue. Ele tinha uma cauda bonita, elevada para cima, porém, foi necessário realizar a amputação do membro, pois estava toda mutilada com as mordidas que ele mesmo ocasionou”, destacou Janaina.
“Na mesma ocasião, quando chegamos com o nosso animalzinho ao veterinário, uma outra família estava com um cachorro que havia estourado uma porta de [vidro] Blindex com medo dos fogos e estava todo cortado”, compartilhou durante a entrevista ao g1.
A responsável pelo cachorro ressaltou que, após a cirurgia de Bob, o processo de recuperação do cão foi muito difícil, sendo necessário fazer o uso de remédios e um cone no pescoço.
Fogos de artifício e animais: tutores relatam vivências traumáticas
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“Agora, sempre que o Bob ouve ruídos agudos, ele fica agitado. Até então, nunca tínhamos passado pela experiência negativa com nosso pet em relação à questão dos fogos, a gente o percebia mais agitado, porém, nenhuma intercorrência mais grave”, salientou.
“Após a situação, sempre que vamos deixá-lo sozinho, o colocamos dentro de casa para se sentir mais seguro, tem um espaço no quarto que é o cantinho predileto dele, e buscamos evitar ao máximo novas experiências negativas, pois tivemos prejuízos no físico e psicológico do nosso pet e financeiro com a cirurgia e internação de urgência”, finalizou Janaina.
Cuidados redobrados 🐾
Animais de Rosa Maria Nicolau ficam presos dentro de casa durante a queima de fogos
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Para a tutora Rosa Maria Nicolau, de 54 anos, que possui nove gatos e quatro cachorros, os cuidados com os bichinhos são redobrados durante o período de festas de fim de ano. Durante a véspera e o primeiro dia do ano novo, a moradora não sai de casa para ficar com os animais.
“Desde criança, eu sempre gostei de animais e, no último dia do ano, eu não saio de casa, eu prefiro ficar com eles dentro de casa. Eu coloco todo mundo pra dentro da residência, os cachorros dormem no meu quarto e eu dou banho em todos antes para todo mundo ficar bem limpinho e cheiroso”, detalhou Rosa.
Rosa Maria Nicolau possui nove gatos e quatro cachorros, em Presidente Prudente (SP)
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“Na hora dos fogos, eu tento acalmar os bichinhos, principalmente a Menina [cachorra], que fica muito nervosa e treme muito, passa até mal. Os gatos ficam assustados também, mas, quando eu vejo que eles correm para dentro de casa, fecho a porta e muitos deles se enfiam debaixo dos móveis e ficam com medo”, compartilhou ao g1.
“Por fim, eu fico com todos até umas 2h, 3h da manhã, cuidando e observando como eles estão. Eles têm um quartinho particular, onde têm as caminhas deles, aí ficam lá também”, ressaltou.
Animais de Rosa Maria Nicolau ficam presos dentro de casa durante a queima de fogos
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Durante a entrevista ao g1, Rosa destacou que não segue nenhum cuidado ou dica específica para acalmar os animais durante a queima dos fogos, entretanto, como sempre ficou com os bichinhos na época festiva, optou por tornar a ação um hábito de segurança no período do ano novo.
Animais de Rosa Maria Nicolau ficam presos dentro de casa durante a queima de fogos
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Recomendações 🩺
A médica veterinária Lais Pullig de Freitas Barros, de 32 anos, destacou ao g1 que uma das dicas para os tutores de animais domésticos colocarem em prática é deixar o pet o mais isolado possível, como, por exemplo, dentro de um banheiro com as portas e janelas fechadas.
“O tutor pode deixar o pet fechadinho em um canto da casa e, se puder, preferencialmente estar perto do animal no dia de Réveillon, para que ele seja vigiado e evite qualquer tipo de intercorrência”, salientou.
“Existem algumas técnicas que você pode amarrar um lenço envolvendo a parte do pescoço e do tórax do animal sem fazer muita pressão, para que ele se sinta abraçado. De alguma maneira, ele se sente seguro com aquele tecido amarrado nele”, citou ao g1.
“Além disso, tem a bolinha de algodão no ouvido, claro que não muito pequena para não entrar dentro do ouvido e não arrumar outro problema, mas é uma alternativa para poder tentar amenizar o barulho dos fogos e isolar o animal”, completou Lais.
Filha da Lais ao lado do cachorro de estimação da família
Redes sociais
Segundo a profissional, quando os animais entram em estado de medo, onde tem uma insegurança, os bichinhos podem desenvolver crises epilépticas e tentar fugir do barulho. Ainda de acordo com Lais, "é em casos com esses que podem surgir as tragédias".
“O animal pode entrar em um estado de medo tão grande que ele fica travado, então, o que pode acontecer são tipos de situações como atropelamentos, tentar pular o portão e ficar preso, o animal fica em estado de estresse extremo, e aí esse estresse pode levar à convulsão, à fuga e às machucaduras”, discorreu Lais ao g1.
“O cão, o gato, eles ouvem a quilômetros de distância. Então, quando se tratam de fogos, um som muito alto, isso causa na verdade muito medo. Por isso que tem profissionais que falam para tapar o ouvido do bichinho, para tentar ajudar a diminuir o medo do som”, explicou a profissional.
Animais silvestres 🦜
Já com os animais silvestres, o cenário da queima de fogos e rojões não é muito diferente do que os animais de estimação enfrentam. O biólogo Luiz Waldemar de Oliveira, de 58 anos, ressaltou que os bichos podem apresentar comportamentos agitados e inquietações.
“O excesso de estouro dos rojões estressa muito, podendo deixar o animal inquieto e agitado. Até mesmo o agito de uma festa na residência, com o excesso de luz, som alto, gritos e conversas excessivas”, destacou Waldemar.
“Depois que os animais foram expostos, o melhor é deixá-los se acalmar sozinhos e, se um animal silvestre não domesticado surgir, não o incomode. Em caso de aparecimento de serpentes, a pessoa deve chamar o Corpo de Bombeiros para recolher e, em locais de mata, podem ter onças também, então, deve tomar cuidado”, detalhou ao g1.
Ainda, o biólogo destacou o perigo de acidentes em rodovias e atropelamento de animais.
“Em caso de acidentes, não há muito o que fazer. O ideal seria evitar, respeitando os limites de velocidade e ter atenção. Depois de atropelados e mortos, principalmente pequenos animais, não há um procedimento”, explicou.
“Animais silvestres devem ser evitados, há muito tráfico de animais silvestres, causando uma perda irreparável à natureza. Existem criadouros autorizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), aves, mamíferos, répteis, entre outros de diversas espécies diferentes, porém, é necessário atenção”, finalizou ao g1.
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